Escolas técnicas oferecem oportunidades de educação em saúde


21/10/2014
Por Vivi Fernandes de Lima


Miriane Aparecida Teixeira trabalhou como empregada doméstica por três anos em sua cidade natal, Piedade do Rio Grande, a 79 quilômetros de São João Del Rei, Minas Gerais. Depois de ficar desempregada, resolveu investir nos estudos. Um dia, a Escola Agrotécnica Federal de Barbacena ofereceu o curso de Auxiliar de Saúde Bucal em São João Del Rei. Pronto. Miriane viu ali a oportunidade de mudar de vida. Esse capítulo de sua vida aconteceu em 2003, e atualmente ela é coordenadora de Atenção Básica do seu município.

No Ceará, a história de Nerice Silva dos Santos também tem a saúde como meta profissional. Normalista formada, trabalhou como professora da educação infantil em Fortaleza, mas decidiu investir na saúde matriculando-se no curso técnico de Radiologia no Centro Superior de Ensino Técnico do Sistema Único de Saúde (SUS). Desde 2011, trabalha no Instituto de Prevenção do Câncer do Ceará (IPC) e concluiu uma especialização na Escola de Saúde Pública do Ceará em 2013.

Tanto a Escola Agrotécnica Federal de Barbacena e o Centro Superior de Ensino Técnico do SUS fazem parte da Rede de Escolas Técnicas do SUS (RET-SUS), que tem como objetivos facilitar a articulação entre 36 escolas técnicas e fortalecer a educação profissional em saúde. Trata-se de uma rede governamental criada pelo Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde e Conselho Nacional de Secretários de Saúde.

Coordenada pelo Ministério da Saúde, a RET-SUS articula a comunicação entre essas escolas. Em 2014, existe a previsão de entrada de mais quatro escolas na rede. “Há um aumento de solicitação de entrada de escolas na rede. Isso nos faz perceber que há um número maior de instituições que estão se organizando em torno da formação técnica em saúde”, diz Carlos Maurício Guimarães Barreto, coordenador da Secretaria de Comunicação da RET-SUS.

Educação profissional em saúde

A área profissional da saúde se desenvolve em 12 subáreas: Biodiagnóstico, Enfermagem, Estética, Farmácia, Hemoterapia, Nutrição e Dietética, Radiologia e Diagnóstico por Imagem em Saúde, Reabilitação, Saúde Bucal, Saúde Visual, Saúde e Segurança no Trabalho e Vigilância Sanitária. As escolas técnicas do SUS oferecem cursos de formação inicial e continuada, habilitação técnica, especialização técnica, pós-graduação e educação básica (modalidade de Educação de Jovens e Adultos).

Segundo Aldiney José Doreto, coordenador geral de Ações Técnicas em Educação na Saúde (no Departamento de Educação em Saúde da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde), os cursos são realizados, majoritariamente, por trabalhadores que já estão inseridos no serviço de saúde. “As escolas planejam sua ofertas de cursos considerando as necessidades e demandas do SUS em seus territórios de atuação. Os trabalhadores do SUS são clientela prioritária dessas escolas. Exceto um caso ou outro, o que podemos afirmar que mais de 98% são trabalhadores dos serviços do SUS”, diz Doreto.

Ao longo das aulas, os alunos contam com um recurso diferenciado: a possibilidade de utilizar as unidades de saúde como espaços de aprendizagem. Dessa forma, pretende-se tornar o trabalho em saúde mais qualificado. Doreto afirma que há uma relação direta entre a qualidade dos serviços prestados e a qualificação dos trabalhadores que realizam o atendimento à população: “Quanto mais qualificados forem os profissionais mais eficientes e mais qualidade terá a atenção prestada; mais satisfação terá o usuário do SUS”.

Mas há também casos de estudantes que se matriculam nessas escolas para ingressar na área de saúde: “Durante as aulas, gostei tanto da parte teórica quanto da prática, principalmente a instrumental. A partir daí várias portas se abriram pra mim. Eu logo fiz um processo seletivo para agente de saúde e passei”, explica Miriane Aparecida Teixeira.

Persistência, aliás, também não falta a Nerice Silva dos Santos. Ela concilia o trabalho no IPC com a faculdade de enfermagem, que pretende concluir em 2016. O fato de ter passado por uma formação técnica na área da saúde tem trazido benefícios para seus estudos de enfermagem: “O curso técnico ajudou muito na minha faculdade porque lá eu aprendi como funciona a área de saúde e os tipos de exame, por exemplo”, diz Nerice. Hoje a técnica de radiologia e estudante de enfermagem declara sem titubeios que se sente realizada, mas lamenta um fato: “Como professora, eu ganhava mais”.

Conheça as escolas técnicas do SUS:

Centro-Oeste
Nordeste
Norte
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Sul